Pentecostes
é a festa do derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja. A terceira Pessoa
da Santíssima Trindade se manifesta aos fiéis por meio dos dons carismáticos e
dos dons de santificação. O fundador da Comunidade Canção Nova, monsenhor Jonas
Abib, explica cada um deles:
Dons
carismáticos
Dom da fé:
Fé é o dom que recebemos no batismo. Não é fé intelectual: "Eu acredito
que Jesus pode curar", e só. Não; de tal maneira estou convencido do poder
curador do senhor, que minha fé me leva a ser instrumento d'Ele. Tudo isso
depende de estarmos no Espírito Santo e permanecermos n'Ele.
Dom da interpretação:
Normalmente, nem aquele que fala em línguas nem os outros entendem o que se
enuncia. Mas o Senhor, muitas vezes, quer que aquela oração seja de edificação
para a comunidade; quer usar o veículo das línguas para falar. Então, Ele dá, à
mesma pessoa ou a outra, o dom da interpretação.
Dom da profecia:
No dom de línguas, estamos falando a Deus, não aos homens. Mas os homens
precisam que a mensagem lhes seja anunciada. Às vezes, temos uma noção errada a
respeito da profecia. Pensamos que se trata de adivinhar o futuro. Nada disso:
profeta é aquele que fala em nome de Deus, ou melhor, é um instrumento que Ele
precisa. Profecia é justamente a palavra que o Pai expressa por intermédio de
alguém. Nada a ver com adivinhar o futuro.
Dom da cura:
Não somos nós que curamos; é Jesus. Cristo saiu por todas as partes curando. Da
mesma forma, o Espírito quer se manifestar em nós - que somos membros do Corpo
do Senhor -, levando cura àqueles que dela precisam. O dom da cura e o dom da
fé estão ligados porque acreditamos e oramos pelas pessoas, como Jesus mandou.
Tudo se faz em oração, pois é ela que leva à cura.
Dom de línguas:
Quando nós somos batizados no Espírito Santo, a primeira coisa da qual nos
enchemos é de oração. Ela é a comunicação entre o Pai e o Filho; o Filho que
fala ao Pai e o Pai que fala ao Filho. Fornecemos a expressão palpável, mas
quem dá o conteúdo, o fogo e a oração é o Espírito Santo.
Dom de milagres:
Ligado à cura está o dom dos milagres. O processo de cura é demorado, mas o
milagre é imediato. Pela fé carismática, começamos a perceber os milagres
acontecendo nas nossas vidas, nos nossos grupos, em nossas comunidades. O que
nunca se esperava acontece, o impossível se torna realidade.
Dom do discernimento:
Para possuir discernimento, o básico é aprender a ouvir o Senhor; suas emoções,
inspirações. Paulo VI destacou em um de seus pronunciamentos: "O dom dos
dons para os tempos de hoje é o discernimento". E é mesmo, do contrário
somos levados por ventos de várias doutrinas, a mesmo, sem saber para onde
vamos.
Palavra de ciência:
Quando a palavra de profecia surge espontaneamente nos nossos grupos,
especialmente depois da oração, do canto em línguas e do silêncio, esse é um
momento muito oportuno para Deus nos dar a palavra de ciência ou de
conhecimento. É como um diagnóstico. Deus nos dá um conhecimento que não
poderíamos alcançar por nosso próprio esforço. Essa palavra de ciência vem de nós.
Chama-se palavra porque nos é dada através de uma expressão, de uma frase, ou
de uma imagem. Sua função é indicar algo que o Senhor que fazer.
Palavra de sabedoria:
O dom da palavra de sabedoria é um dom doméstico, é a palavra, o pensamento ou
ideia que o Senhor nos envia no momento oportuno. Sabedoria e ciência caminham
juntas, como dois remos, para conduzir o povo de Deus. Sabedoria aqui não é
sabedoria humana; não é cultura, grau de estudo. É a sabedoria que vem do
Espírito. E esse dom não nos torna autoridades; não nos habilita a falar
grosso, na ponta dos pés.
Dons
de santificação
Dom da fortaleza:
O dom da fortaleza, também chamado "dom da coragem", imprime em nossa
alma um impulso que nos permite suportar as maiores dificuldades e tribulações,
e realizar, se necessário, atos sobrenaturalmente heróicos. A esse dom se opõe
a timidez, que é o temor desordenado; e também aquele comodismo que impede de
caminhar, de querer dar grandes passos.
Dom da piedade:
O dom da piedade é auxiliado por duas virtudes teologais: a da esperança e a da
caridade. Pela virtude da esperança participamos da execução das promessas de
Deus e, pela virtude da caridade, amamos a Deus e ao próximo.
Dom da sabedoria:
Quando o Senhor nos dá uma palavra de profecia, de ciência, de discernimento ou
qualquer revelação, temos de procurar discernir se aquilo que recebemos deve
ser dito, quando deve ser dito e como deve ser dito. Porque alguns são
afogueados. Receberam um dom, uma palavra de profecia, e a pessoa é tão
apressada que já quer dizer. Mas você perguntou ao Senhor se essa palavra de
profecia deve ser comunicada?
Dom do conhecimento: É
pelo dom do conhecimento que nos é concedido conhecer o verdadeiro valor das
criaturas em relação ao seu Criador. Nós sabemos que o homem moderno,
justamente por causa do desenvolvimento das ciências, é exposto particularmente
à tentação em dar uma interpretação naturalista ao mundo. Isto acontece
especialmente quando se trata de riquezas, prazer e de poder, os quais
realmente podem ser obtidas das coisas materiais.
Dom do conselho:
O dom do conselho, também chamado "dom da prudência", nos faz saber
pronta e seguramente o que convém dizer e o que convém fazer nas diversas
circunstâncias da vida. É um dom de santificação que nos faz viver sob a
orientação do Espírito Santo. Por ele, o Paráclito nos fala ao coração e nos
faz compreender o que devemos fazer. Agimos sem timidez ou incerteza. Pelo dom
do conselho, falamos ou agimos com toda confiança, com a audácia dos santos.
Dom do entendimento:
O dom do entendimento, também chamado "dom da inteligência" ou
"dom do discernimento" (diferente do discernimento dos espíritos),
nos dá uma compreensão profunda das verdades reveladas, sem contudo nos revelar
o seu mistério. Só teremos plena compreensão do mistério quando estivermos face
a face com Deus. Por meio deste dom passamos a nos conhecer profundamente e a
reconhecer a profundidade de nossa miséria.
Dom do temor a Deus:
O temor de Deus é um dom do Espírito Santo que nos inclina ao respeito filial
ao Pai e nos afasta do pecado. Este compreende três atitudes principais: o vivo
sentimento da grandeza de Deus e extremo horror a tudo o que ofenda sua
infinita majestade; uma viva contrição das menores faltas cometidas; e um
cuidado constante para evitar ocasiões de pecado.
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